Capítulo 11:: Apesar de ser a vilã, estou conquistando a heroína
Antes da aula da tarde começar, Ekaterina entrou correndo na sala e, enquanto se ajeitava apressadamente, lançou um sorriso para a colega ao lado.
— Muito obrigada pelo que fez há pouco. Graças a você, meu irmão ficou contente.
— Fico feliz se pude ajudar.
Flora sorriu gentilmente, mas então uma voz desagradável chamou atenção.
— Pessoas baixas são tão insolentes, não é?
— É mesmo, é mesmo.
(Esses dois se apresentando? Que audácia!)
Irritada, Ekaterina pensou em lançar um olhar fulminante, mas percebeu algo antes.
Flora abaixara o rosto. Normalmente, ela ignoraria com elegância qualquer comentário maliciosa do trio Soiya.
Estranho…
Foi então que Ekaterina notou que o uniforme de Flora estava um pouco sujo, com manchas de terra.
Droga! Elas passaram das palavras para a força física!
No entanto, naquele momento, a aparição do professor foi quase providencial. Por pouco não teria ocorrido uma briga direta com o trio, transformando a situação em um verdadeiro catfight¹.
Droga… o que vou fazer com elas?
— Flora, posso falar com você um instante?
Após a aula pouco produtiva, Ekaterina se aproximou de Flora.
— S-sim…
Flora arregalou os olhos. Ekaterina percebeu que, sem querer, a chamara pelo nome próprio.
Hora de pressionar.
— Não seria inconveniente eu chamá-la pelo nome?
— Não, de forma alguma! Pode me chamar assim.
— Que bom, fico contente. E também me chamará de Ekaterina, certo?
— Mas… isso é…
— Não se incomode… Ao saber de sua mãe, senti-me próxima de você. Gostaria de nos tornarmos amigas.
— Eu não… de forma alguma!
Os cabelos cor de cerejeira de Flora balançaram suavemente enquanto ela negava com a cabeça.
— Apenas… somos de classes sociais tão diferentes que me sinto… privilegiada demais.
— Não se preocupe. Só quero que saiba que ficarei feliz se me chamar assim.
— S-sim… Fico feliz também por ouvir isso.
As bochechas de Flora coraram, e ela sorriu. Verdadeiramente, parecia uma fada das flores, como seu nome indicava.
Curiosamente, em um mundo onde os nomes próprios seguem estilo russo, o nome Flora soava exótico. Na vida passada, não tinha notado, mas era como se um japonês se chamasse Maria: não exatamente extravagante, mas incomum.
— Flora, poderia me mostrar seu caderno? Você sempre anota tudo tão bem.
— Claro, fique à vontade.
— Que gentileza. Eu costumo organizar assim.
— Que ideia interessante!
Na verdade, a técnica era idêntica ao método de anotações de negócios que Ekaterina aprendera em seu primeiro emprego, só que aqui não havia marcadores ou canetas coloridas. A pena era elegante, mas desconfortável: o cabo fino dificultava segurá-la, a tinta era pouca, e a ponta se desgastava facilmente, exigindo afiação constante… Ah, que alguém inventasse algo melhor logo.
O caderno de Flora estava impecável, e ela registrava com clareza tudo que o professor explicava oralmente.
— Que organização perfeita! Posso copiar algumas partes?
— Claro.
Nesse momento, vozes maliciosas se ouviram.
— Está levando elogios a sério, que patético.
— É mesmo.
Ekaterina apertou levemente um ouvido, inclinou a cabeça e sorriu.
— Deve ser por causa do calor… esses insetos estão incomodando, não é?
Flora arregalou os olhos e riu baixinho.
— Se ficar muito incômodo, vou pedir para exterminá-los… Oh, desculpe, falei sozinha.
Flora apenas balançou a cabeça.
Não fez comentários impróprios do tipo “então faça o serviço!” — claramente, havia diferença de classe e educação.
Agora, o trio Soiya provavelmente percebeu que a filha do Duque Yurnova estava protegendo Flora. Não tinham chance de se juntar a ela, e se tentassem machucar Flora novamente, não sairia barato.
— Flora, amanhã também vai me ensinar a cozinhar?
— Se para você estiver bem comigo, é claro!
Ekaterina decidiu permanecer próxima para proteger Flora, pelo menos até que eventos com o príncipe começassem e ela pudesse contar com sua proteção. Para isso, planejaria cozinhar e estudar juntas, aumentando a intimidade.
Isso está parecendo um aumento de pontos de afinidade com a personagem, igual em jogos…
Uma vilã conquistando a heroína que piada é essa? Um romance yuri assim não existe em nenhum jogo.
Na verdade, Ekaterina nunca jogou todas as rotas do jogo, mas… seria estranho, né?
Nota de tradução
[1] Catfight" é um termo em inglês para uma briga, discussão ou querela intensa, especialmente entre duas mulheres, que pode ser física ou verbal, e que é frequentemente caracterizada de forma pejorativa, sugerindo futilidade ou espetáculo para outros.
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