24 de set. de 2025

A princesa mimada quer evitar a guilhotina - Capítulo 02

  Capítulo 02:: Coisas que Mia Não Gosta

Após recobrar a consciência, Mia continuou deitada preguiçosamente na cama, com braços e pernas espalhados de qualquer jeito.

“Não estou me sentindo bem…”

Ela não almoçou porque não tinha apetite. Queria se convencer de que tudo não passava de um pesadelo. No entanto, a vividez das lembranças e o diário manchado de sangue lembravam-na de que não era apenas um sonho.

“Ugh…”

Ela gemeu e se virou para um lado da cama. Depois gemeu novamente e se virou para o outro lado. Assim, ficou se virando, preocupada e resmungando, por cerca de trinta minutos.

“…Estou com fome.”

Ela estava com fome. Nem havia passado uma hora desde que recusara o almoço.

“É isso! Ouvi dizer que doces fazem bem para o cérebro, especialmente quando se está pensando em alguma coisa.”

Ela bateu palmas. Tinha tido uma boa ideia, e seu rosto se iluminou. Saltou da cama com um pulo e saiu de seu quarto.


Mia e o restante da família imperial viviam em um palácio chamado Palácio Whitemoon. Seus salões eram decorados com pedras lunares verdes, douradas e brancas. Mia percorria os corredores atentamente, absorvendo cada detalhe. Naquele momento, o império estava no auge de sua prosperidade, antes do declínio.

Ela continuou caminhando pelo corredor e, eventualmente, entrou em uma das quatro salas de jantar, a Sala de Jantar Sol da Meia-Noite. Ao adentrar o amplo salão, um homem dentro lançou-lhe um olhar confuso.

“Ah… Princesa Mia. O que posso fazer por Vossa Alteza?”

Mia se surpreendeu ao reconhecê-lo imediatamente. Era um homem grande, com corpo robusto como o de um urso e uma barba espessa e fofa.

“Não é aquele chef que eu demiti?”

Ela se lembrou de que, em seu 14º aniversário, havia dispensado aquele chef que insistia em servir os vegetais de que ela tanto desgostava.

“Isso teria sido há uns dois anos…”

“Desculpe, mas o que disse?”

“Não é nada. Estou com fome, poderia preparar um lanche? Uma torta de moonberry seria ótima.”

Ao ouvir isso, o chef franziu a testa e balançou a cabeça.

“Perdoe-me, mas não posso servir lanches tão perto do almoço.”

As palavras despertaram nostalgia em Mia, e ela sorriu sem querer. Pensando bem, aquele era o único chef que se atrevia a recusar a princesa. O substituto apenas cozinhava tudo o que Mia pedisse, e isso se tornava monótono.

“É mesmo? Então, poderia me servir as sobras do almoço?”

“Hã?”

Por algum motivo, o chef olhou para Mia surpreso.

“Aconteceu algo?”

“Não, nada. Então traga-as agora.”

Em pouco tempo, os pratos foram dispostos diante de Mia: pão fresco, macio e aromático; ensopado com muitas verduras da estação; peixe vermelho marinado; e uma travessa de frutas.

“Ah… que saudade disso.” Mia disse especialmente ao ver o ensopado repleto de vegetais. Isso porque o prato continha tomates yellowmoon, que Mia detestava.

“Nunca consegui suportar a acidez deles.”

Mia olhou para o tomate yellowmoon em sua colher.

Mas, de algum modo, parecia apetitoso.

De repente, lembrou-se do que fora obrigada a comer na prisão: pão duro o suficiente para quebrar os dentes, com mofo na superfície, extremamente seco e difícil de mastigar. O ensopado que surgia ocasionalmente tinha cor cinza turva, e ela sempre se perguntava se os vegetais eram, de fato, apenas ervas daninhas. Ela não se importava com o sabor, só desejava que não fizesse seu estômago sofrer por dias depois de comer.

Ela sabia da fome generalizada e da falta de comida, mas acreditava que seu tratamento era mais assédio do que necessidade. Prova disso foi um dia em que só lhe deram tomates yellowmoon murchos, sabendo que ela os detestava.

Era extremamente desagradável…

Ao serem forçados em sua boca, ela se lembrava do cheiro verde indescritível, da acidez e da aspereza… Arrepios percorriam seu corpo só de se lembrar.

Ela voltou a focar no tomate yellowmoon diante de si.

Comparado ao daquela época… ele parecia até brilhante.

Mia planejava deixá-lo de lado, mas, movida pela curiosidade, colocou um pedaço do tomate na boca. Imediatamente, seus olhos se arregalaram!

“Chef! Chame o chef!”

As criadas estremeceram com as palavras de Mia.

“Vossa Alteza, aconteceu algo?”

“Apenas chame o chef aqui!”

“Foi algo que não lhe agradou, Vossa Alteza?” O chef surgiu diante de Mia, claramente nervoso.

“O que é isso…?”

Mia segurava uma colher com os tomates yellowmoon diante do nariz do chef.


 

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