Episódio 10 – Treinamento
— Kyoo…
No meio do branco e fofinho, soltei um suspiro.
As chamas saindo ao mesmo tempo já viraram rotina.
Sim, eu havia voltado para dentro da caverna.
Saí dizendo algo como “Agora vou voar livre pelo céu!”, mas em poucas horas acabei retornando.
Aquela estátua parece me encarar, como se tivesse algo a dizer.
Não, é que… senhor(a) estátua?
Tenho uma explicação para isso, sabe.
Ninguém imagina que lá fora seria tão perigoso, não é?
Estamos falando de um dragão! Em jogos japoneses, ele seria um monstro de chefe final!
Se um desses está sobrevoando a ilha, então meu sonho de voar sob o céu azul se torna inviável, convenhamos.
Aliás… falando em céu azul.
Eu estava tão obcecado com o dragão que quase não pensei em outra coisa, mas o que será aquela nuvem negra?
Foi por causa dela que não pude realizar meu sonho de voar sob o céu azul, apreciando o mar cristalino.
Não parecia ser uma nuvem de chuva comum.
Com meus próprios olhos, não vi chover em lugar nenhum.
Então não pode ser uma nuvem de chuva… mas o quê, então?
De uma coisa tenho certeza: não é uma nuvem normal. Ela transmite uma sensação desagradável.
Se eu quiser realizar meu sonho, preciso dissipar aquela escuridão.
Seria bom se tivesse surgido naturalmente e desaparecesse da mesma forma… mas minha intuição diz que não será assim.
Por algum motivo, instintivamente entendo que aquilo não se desfará tão fácil.
Preciso pensar no que fazer daqui para frente.
Primeiro, preciso me fortalecer.
Não digo a ponto de derrotar aquele dragão, mas pelo menos o bastante para escapar dele com folga.
Na verdade, nem sei como consegui fugir desta vez.
E se não souber o porquê, não poderei garantir que aconteça de novo.
Voltei para cá justamente para treinar.
Mas nesta caverna apertada, onde fica a estátua, minhas opções são limitadas.
Então, depois de descansar no branco e fofinho, me ergo e voo em direção à estreita abertura no teto.
Desta vez subo mais rápido do que quando saí antes.
Logo avisto uma grande abertura à esquerda, por onde consigo alcançar o exterior.
Este é o lugar mais adequado para treinar.
Lá fora, posso acabar atraindo aquele dragão outra vez.
E se eu soltar fogo na floresta, posso causar um incêndio enorme.
Aqui, ao contrário, posso liberar as chamas à vontade e treinar sem medo.
— Kyoooo!!
Para me animar, solto um grito.
E então, da minha boca, sai uma rajada de fogo.
Ela é tão grande quanto a pedra que o dragão cuspiu antes.
Mas, se as duas colidissem, minha chama perderia sem dúvida.
Mesmo que o fogo fosse do mesmo tamanho, a pedra, lançada com aquela velocidade, atravessaria facilmente.
Não posso enfrentar aquilo em um duelo direto.
Não importa quão grande seja a chama contra a força do impacto, o fogo sempre será vencido.
Se o dragão lançar pedras, a melhor opção será desviar.
E para vencê-lo, a única estratégia é esquivar, esquivar, e então contra-atacar com fogo. Não há outro caminho.
Felizmente, mesmo sem muito treino, já consigo produzir chamas bem grandes.
Mas ainda preciso fortalecê-las mais e mais.
Não, não, espera… meu objetivo não é derrotar o dragão.
Preciso me concentrar em escapar com segurança.
Para isso, tenho que aumentar minha velocidade.
A velocidade de voo de um pássaro já é alta, mas eu preciso ser ainda mais rápido.
Meu plano de agora em diante é:
treinar o disparo de chamas aqui dentro da caverna,
e praticar a velocidade lá fora.
Não sei quanto tempo isso vai levar.
Mas, pelo meu sonho, preciso dar o meu melhor!
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